sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Sugestões de leitura

Em período de férias, aqui ficam algumas sugestões de leitura e reflexão:
1. Um artigo de Álvaro Almeida no Jornal Público hoje sobre "Os atrasos na Saúde";
2. Um artigo de Robert Frank no The New York Times com o sugestivo título "The Incalculable Value of Finding a Job You Love". Vale a pena ler. Aqui ficam algumas ideias: i) "As economists have long known, jobs that offer more attractive working conditions — greater autonomy, for example, or better opportunities for learning, or enhanced workplace safety — also tend to pay less."; ii) um aspeto a ter em conta na satisfação no trabalho é em que medida estamos ou não de acordo com a missão da nossa entidade empregadora - num estudo em que se apresentaram duas propostas de emprego com remuneração e condições de trabalho idênticas a estudantes finalistas, estes optaram pela possibilidade de realizar uma campanha publicitária para a American Cancer Society no sentido de desencorajar o consumo de tabaco, em vez de realizar uma campanha para uma empresa tabaqueira no sentido de encorajar esse consumo (quase 90% escolheram a primeira opção). Além disso, para escolherem a primeira alternativa em vez da segunda exigiam um acréscimo salarial de mais de 80%. iii) A conclusão do artigo: "Resist the soul-crushing job’s promise of extra money and savor the more satisfying conditions you’ll find in one that pays a little less."
3. um post assinalando  eventuais excessos de utilização de raio X dentários aqui - como sabe quem leu o meu trabalho Outsourcing no Setor Hospitalar, a utilização de radiação em excesso nos exames imagiológicos é um tema que devia merecer mais atenção. Com efeito, como tive oportunidade de aí explicar, "alguns exames, como as TACs, expõem os doentes a doses de radiação ionizante muito elevadas. Da realização de demasiados procedimentos avançados podem resultar doses de radiação acumulada significativas com (eventuais) consequências negativas na saúde dos doentes. Segundo Brenner e Hall (2007), um raio X abdominal envolve uma dose de radiação que é, pelo menos 50 vezes, inferior à dose correspondente numa TAC abdominal. O “ruído” nas imagens é tanto maior, quanto menor a dose de radiação utilizada. A radiação nas crianças é particularmente preocupante, quer porque elas são mais sensíveis à radiação, quer porque, após a radiação, vivem maior número de anos, durante os quais podem desenvolver doenças do foro oncológico originadas por aquela. Os referidos autores fazem alusão a um estudo onde se sugere que cerca de um terço das TACs realizadas em crianças poderiam ser substituídas por exames alternativos (ou não ser efectuadas). Em especial, tem vindo a ser questionado o seu uso como mecanismo de diagnóstico da apendicite aguda nas crianças, assim como a sua utilização em situações como ataques de epilepsia, dores de cabeça crónica, etc. Brenner e Hall (2007) estimam, inclusivamente, que 1,5 a 2% de todos os casos de cancro, nos EUA, podem ser resultantes da radiação atribuível a TACs.  Esta situação é ainda mais inquietante, porque é desconhecida por muitos profissionais de saúde. Num inquérito realizado nos EUA, concluiu-se que apenas 9% dos médicos que prescreveram TACs em casos de dor abdominal e de flanco, acreditavam que os exames envolvidos estavam associados a risco acrescido de cancro. Nos radiologistas, essa percentagem, apesar de muito superior (47%), não atingiu os 50% (Lee et al, 2004)." 
4. Por fim sugiro um vídeo sobre o problema da utilização off-label de medicamentos (aqui). 
Boas leituras e umas excelentes férias!